

TEUPAJOC

PRETOS VELHOS
Adorei as almas!!!
Imagine um senhor terno, pacífico e cheio de sabedoria. De olhar manso, fala cadenciada e uma energia tranquilizadora. Imagine aquele avô carinhoso que sempre tem uma palavra acalentadora a lhe dar...este é o Preto Velho, uma das entidades mais poderosas e mais procuradas na Umbanda.
Os espíritos da falange dos Preto Velho se apresentam em um corpo fluídico de senhores ou senhoras idosos e usualmente fumando seu cachimbo.
São entidades que tiveram, pela sua idade avançada, o poder de viver longamente através da sua sabedoria, apesar da rudeza do cativeiro demonstram fé para suportar as amarguras da vida, consequentemente são espíritos guias de elevada sabedoria. São dotados, por conta dessa vivência, de uma sabedoria gigantesca perante a vida terrena e, por isso, sempre são capazes de indicar direções, ajudar em situações específicas e renovar as energias de seus filhos, como chama os seguidores da Umbanda.
Os pretos velhos cativam pela humildade, pela paciência e pelo amor de um avô para com os filhos de Umbanda que encontram nestes espíritos evoluídos o bálsamo necessário para continuarem em sua luta; a luta contra o preconceito, um preconceito que eles conheceram muito bem, que existe até hoje, infelizmente.
Ligados geralmente à vibração de Omolu, costumam fumar cachimbo, realizar benzimentos com ramos de arruda, rezando com terço e aspergindo água fluidificada. As baforadas com fumo são, segundo a crença umbandista, para limpeza e harmonização das vibrações de seus médiuns e de consulentes.
CABOCLOS
A denominação "caboclo", embora comumente designe o mestiço de branco com índio, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente. Caboclos são as almas de todos os índios antes e depois do descobrimento e da miscigenação.
Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas sessões de desenvolvimento mediúnico, curas (através de ervas e simpatias), desobsessões, solução de problemas psíquicos e materiais, demandas materiais e espirituais e uma série de outros serviços e atividades executados nas tendas
Os Caboclos, de acordo, com planos pré-estabelecidos na Espiritualidade Maior, chegam até nós com alta e sublime missão de desempenhar tarefa da mais alta importância, por serem espíritos muito adiantados, esclarecidos e caridosos. Espíritos que foram médicos na Terra, cientistas, sábios, professores, enfim, pertenceram a diversas classes sociais, os Caboclos vêm auxiliar na caridade do dia a dia aos nossos irmãos enfermos, quer espiritualmente, quer materialmente.
Por essas razões, na maior parte dos casos, os Caboclos são escolhidos por Oxalá para serem os Guias-Chefes dos médiuns, ou melhor, representar o Orixá de cabeça do médium Umbandista (em alguns casos os Pretos-Velhos assumem esse papel).
Os espíritos que se apresentam na Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de “índios” em homenagem aos povos nativos do Brasil e de outras regiões do globo, que nutriam uma forte relação de amor e de respeito à Natureza e muito contribuíram com seus conhecimentos e valores morais e culturais para a formação da nossa Pátria.
Portanto, os espíritos que atuam na Umbanda como Caboclos têm origens culturais e religiosas diversas, e nem todos foram indígenas (assim como nem todo Preto-Velho foi um Negro escravizado). O que lhes dá “ a patente” de Caboclo é o seu grau de elevação perante as Leis do Criador. São espíritos que habitam da 4ª Faixa Vibratória Positiva para cima e que trazem no íntimo um profundo senso de Fraternidade e Irmandade para com toda a Criação Divina.
Os Caboclos são profundos conhecedores das ervas e dos seus princípios ativos. Suas “receitas” (banhos, defumações, oferendas etc.) costumam produzir curas inesperadas. Conhecem como ninguém o Reino Vegetal e podem nos ensinar o valor e a melhor utilização das ervas e dos alimentos vindos da terra.
Também grandes conhecedores da Magia, nos seus trabalhos costumam utilizar pembas, velas, essências, flores, ervas, pedras, frutas, vinho, sumo de ervas, raízes, cipós e sementes, entre outros elementos. Usam charutos e fumos à base de ervas para defumar o ambiente e as pessoas presentes, recolhendo e neutralizando as cargas densas que os envolvam.
CRIANÇAS
Crianças na Umbanda é uma falange de espíritos que se apresenta arquetipicamente com uma mentalidade infantil. Como no plano material, também no plano espiritual, a criança não se governa, tem sempre que ser tutelada pelos mais velhos ou responsáveis pelos trabalhos dentro do Terreiro.
Crianças na Umbanda é, antes de tudo, sinal de alegria. Simbolizam a pureza, a inocência e o bom humor. Podemos pedir-lhes ajuda para os nossos filhos, auxílio para resolver problemas cotidianos, fazer confidências, mas nunca para o Mal, pois eles não atendem pedidos dessa natureza.
Os espíritos trabalhadores nessa linha apresentam-se em nossos templos como se fossem crianças, espíritos, porém, não têm idade. Na realidade, são espíritos de elevada envergadura espiritual, que se apresentam dessa forma, com o objetivo de se comunicarem com mais facilidade com nossas crianças, das quais são grandes protetores.
Outros, no entanto, ainda mantêm a mentalidade infantil, por terem deixado a vida em tenra idade e são levados a participar dessa corrente de amor e caridade. São facilmente identificados em relação aos mentores da linha quando incorporados nos trabalhos, nota-se que ficam rodeados de nossos filhos e realmente brincam com eles.
São conhecidos como Orixás de amor e alegria por transmitirem esses sentimentos quando incorporados nos médiuns. Simbolizam a inocência e a pureza e seus trabalhos mostram-se muitas vezes como brincadeiras, quando na realidade não o são.
Quando incorporadas, gostam de brincar, correr e fazer brincadeiras como qualquer criança. É necessário muita concentração do médium para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser transmitida.
Os ‘meninos’ são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as ‘meninas’ são mais quietas e sensíveis. Alguns incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome.
Os pedidos feitos a uma Criança incorporada normalmente são atendidos de maneira bastante rápida. Poucos são aqueles que dão importância devida às Giras das vibrações infantis.
EXUS
Exu, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, na África, divindade afro e que representa o vigor, a energia que gira em espiral. No Brasil, os Senhores conhecidos como Exus, por atuarem no mistério cuja energia prevalente é Exu, e tanto assim, em todo o resto do mundo são os verdadeiros Guardiões das pilastras da criação. Preservando e atuando dentro do mistério Exu.
Sempre que um umbandista fala em Exu, visualiza seus guias espirituais à esquerda, guardiões, manifestadores dos Divinos Poderes deste Sagrado Orixá e de todos os outros do nosso ritual religioso. Por isso, nos é comum sempre identificarmos os exus de Oxalá, Xangô, Ogum, Oxum, Obaluayê, etc.
Exus São espíritos de luz da linha branca de Umbanda. Ele é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário entre os homens e os Orixás, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado.
Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos, representam e são o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas, combatendo o mal e responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Senhores do plano negativo atuam dentro de seus mistérios regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade.
As entidades conhecidas como Exus são espíritos que já vivenciaram diversas encarnações, a muito tempo atrás. Hoje em dia; encontram-se em um estado evolucionário superior, que permite a elas ajudarem a quem recorrer a elas, vencendo problemas e diversos obstáculos na vidas.À medida que ajudam os encarnados, encontram também evolução espiritual; sendo uma troca mútua de boas energias.
Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática da caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como os Preto-velhos, crianças e caboclos, são servidores dos Orixás.
Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao "Diabo" medieval (herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados a prática do "Mal", pois como são servidores dos Orixás,todos tem funções específicas e seguem as ordens de seus "patrões".
Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: a abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores durante a gira ou obrigações. Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a "gira de Exus" dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc. de seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Orixás), protegendo o o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada.
Em seus trabalhos Exu corta demandas, desfaz trabalhos e feitiços e magia negra, feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando os espíritos obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.
POMBOGIRAS
Pomba-Gira (nome vulgar/vide mais detalhes em Exu) é um “espírito” “feminino” com muita sabedoria prática da vida e que se incorpora em médiuns durante as sessões de Umbanda para aconselhar e ajudar as pessoas a resolver os seus problemas do dia a dia. Desta forma, o espírito está desenvolvendo a sua compaixão e a sua solidariedade, vencendo seu próprio egoísmo e evoluindo
espiritualmente.
Essa entidade é tida, dentro da Umbanda, como uma versão feminina de Exú, porque ambos atuam do lado esquerdo, onde há incidência de luz e sombra, ao contrário do lado direito onde atuam Orixás que são somente de luz. As Pombagiras são representadas por imagens de mulheres muito bonitas e dotadas de sensualidade.
A Pomba Gira é mulher e ela possui todos os instintos femininos ao extremo nos ensinando a agir com força e convicção, ela é daquelas entidades consideradas mais próximas dos humanos, cuidando principalmente de realizar os desejos e as questões amorosas.
Exu-mulher é feiticeira e pode fazer e desfazer feitiços para ajudar em tudo que envolve a vida na terra. Devido as diversas influências culturais da nossa sociedade e as demais religiões, Exú e Pomba Gira tiveram suas imagens marginalizadas e distorcidas do que eles realmente representam na Umbanda.
As Pombagira são figuras ativas e fortes, que não se submetem aos homens nem se rendem ao machismo. São a representação de mulheres livres dos preconceitos de gênero que a sociedade nos impõe. Contamos com diversos tipos de Pombagira que também podem assumir muitas qualidades.
Além de sensual e bonita, a Pombagira é extremamente dominadora e sincera. Aprecia todas as coisas ligadas ao universo feminino, como belas roupas, joias, perfumes, rosas e todo tipo de adorno. Também gostam de elementos que remetem à força como as bebidas (champanhe) e a cigarrilha.
A maioria delas prefere vestir-se com vermelho e preto, mas existem casos de entidades que gostam de outras cores, como é o caso da Pombagira Dama da Noite que veste amarelo ou dourado e preto. Quando é chamada, vem dando gargalhadas estridentes com o intuito de afastar o mal. Sempre segura a barra da saia. Essas características são bem predominantes, mas é importante saber que, apesar da semelhança, existem vários tipos de Pombagira.
A Pomba Gira é a protetora da mulher apaixonada, mãe e que procura forças para lutar e alcançar o seus objetivos. Ela é sedutora, mas não aceita de forma alguma hipocrisia e imposições sociais, para a Pombajira, o importante na vida é vivê-la no limite das realizações e felicidade.
MALANDRAGEM
Todo mundo já ouviu falar dos malandros. O característico homem com calças brancas, terno branco e o chapéu que dá o toque final. Mas poucos sabem que esta figura faz parte da Umbanda e que tem um significado ainda mais espiritual do que parece.
A Linha dos Malandros da Umbanda traz para dentro do ambiente Sagrado os excluídos da sociedade. Espíritos que em alguma encarnação, por conta do preconceito racial, foram considerados párias e marginalizados pela sociedade, mas que lidaram com essa adversidade sem perder sua Fé, sua identidade e seu bom humor, certamente que já apresentavam um bom nível pessoal de evolução.
E após desencarnarem continuaram suas evoluções, até alcançarem um Grau perante a Espiritualidade, o qual lhes permitiu voltar à Terra na condição de Guias Espirituais, para nos reconduzir ao Divino.
Ao mesmo tempo, a Linha dos Malandros simboliza a aproximação dos excluídos com o Divino e ainda, para todas as pessoas, a possibilidade de uma reflexão sobre o preconceito e as exclusões sociais.
Nos terreiros de Umbanda, são na maioria das vezes tratados como Exus e podem atuar dentro da linha de esquerda. A ideia de serem tratados como Exus acontece quando o malandro se manifesta nas sessões de Exu como um deles, mas os malandros não são Exús de fato. Essa ideia existe porque quando não são homenageados em festas ou sessões particulares, manifestam-se tranquilamente nas sessões de Exu.
Aliás, eles podem até ser bastante diferentes, uma vez que têm um modo próprio de ser, se manifestar, falar, um jeito bem característico. Além de alegres e simpáticos, são conhecidos por estarem sempre dançando.
Os malandros foram pessoas que viveram a alegria da forma como puderam. Apesar de enfrentar uma vida de muitas adversidades, mantinham sempre um sorriso no rosto como forma de afastar as tristezas. Como só a alegria não enche barriga, os malandros encontravam maneiras pouco consagradas de ganhar a vida.
Apesar disso, ao desencarnar, esses espíritos ganharam força pela sua fé e devoção no Divino. Eles alcançaram um grau de espiritualidade muito elevado ao compreenderem melhor a forma de enxergar a vida. A partir de então, se dispuseram a auxiliar aqueles que se encontram perdidos no nosso plano, sendo então respeitados e admirados nos Terreiros de Umbanda.
Essa é uma linha considerada muito especial pois mostra como o Divino aceita, perdoa e eleva aqueles que se arrependem se seus atos negativos em plano físico, reforçam sua fé e buscam o conhecimento. Especialmente porque os malandros dedicam-se exaustivamente a mostrar à sociedade que o preconceito não tem nenhum valor. Os malandros são os grandes professores da Gira. Eles utilizam de toda a sua ginga malandra para erradicar o mau humor e encarar as adversidades com leveza.
Os malandros atuam na vibração da força de Ogum – pois são entidades da estrada – e também aparecem sob a regência de Exú na esquerda – como o famoso Zé Pilintra. Eles ainda podem se apresentar na cura, regidos por Oxalá, onde aparecem sem chapéu e com fitinha branca.
A atuação desses guias na Umbanda é ampla. Eles são especialistas em curas, em desfazer magias ruins, em abrir caminhos e em trabalhos de proteção. Apesar de seu jeito descontraído e sorridente, é preciso levar essas entidades à sério assim como qualquer outra, pois são seres da Luz mais elevados espiritualmente do que nós.
São cordiais, alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao estilo Panamá e sua tradicional vestimenta: Calça Branca, sapato branco (ou branco e vermelho), seu terno branco, sua gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha ou chapéu de palha e finalmente sua bengala, mas a maioria gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda. Bebem de tudo, da Cachaça ao Whisky, fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto.
Gostam de dançar gingando as pernas e corpo como se fosse parecido com a gafieira. Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos termos com os quais são compostos os pontos e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro, simples, amigo, leal, verdadeiro.
Se você pensa que pode enganá-lo, ele o desmascara sem a menor cerimônia na frente de todos. Apesar da figura do malandro, do jogador, do arruaceiro, detesta que façam mal ou enganem aos demais. Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem proteger e abrir caminhos. Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em suas sessões ou festas. Gosta muito de ser agradado com presentes, festas, ter sua roupa completa e é muito vaidoso.
Existem também as manifestações femininas da malandragem, a Maria Navalha é um bom xemplo. Manifesta-se com as características semelhantes aos malandros, dança gingando ou sambando, bebe e fuma da mesma maneira. Apesar do aspecto, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores principalmente vermelhas e vestem-se sempre muito bem.
Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas e até em cemitérios, pois ele trabalha muito com as almas, assim como é de característica na linha dos pretos velhos e Exus. Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos terreiros, pois ele também toma conta das portas, das entradas etc.
Os Malandros vêm até nós, pelas Mãos do Alto, para nos ensinar “a boa malandragem”: fazer limonada com os limões azedos que recebemos dos outros; escorregar e levantar rapidinho, sem perder a compostura e a elegância, e já sair dançando e cantando; aprender jogar “o jogo da vida” e ser um bom parceiro de jogo, aprendendo a rir das tristezas e de si mesmo; assumir ser o que se é, sem hipocrisias, e fazer todo o Bem que se possa; não se prender a padrões e valores externos, mas ficar centrado em si mesmo e na sua Fé, sem nunca desacreditar da Vida Maior, cujo amparo permeia todos os nossos caminhos diários.
Exu verdadeiro!!!!
Exu de verdade não come vidro, exu de verdade não anda na brasa, exu de verdade não come fogo, não engole acará, exu de verdade não é aquele que bebe uma garrafa e não cai para trás, exu de verdade não é aquele que passa a noite fumando, girando e cantando na frente do Tambor.
Exu de verdade e aquele que carrega o próprio axé, sem colocar culpa inexistente do axé que comeu, da faca que cortou, exu de verdade e aquele que dá um bom emprego a seu Médium, exu de verdade e aquele que fez seu médium ter saúde, prosperidade, que tira as coisas ruins de seu caminho, que traz trabalho e serviços dias e noites, exu de verdade e aquele que não deixa seu médium cair nos vícios sombrios da vida.
Exu não é dono da adivinhação, mas exu de verdade tem o dever de passar a visão para que seus filhos enxergarem algo melhor para si.
MARINHEIROS
Marinheiros, Caboclos e Calungas do Mar são Falanges da Linha das Águas de Iemanjá, cujos espíritos tiveram encarnações ligadas a vida no mar, de pessoas que em vida foram marinheiros ou com eles tinham ligação.
Os Marinheiros são facilmente identificados quando incorporados nos médiuns da casa. Geralmente alegres, bebem bastante, apesar de já incorporarem no médium como se bêbados estivessem. Esta, no entanto, é uma imagem deturpada dessas entidades. Ao contrário do que se pensa, os Marinheiros não chegam embriagados na gira. Ficam balançando-se de um lado a outro, como se estivessem a bordo de um navio ou barco, sendo levados e balançados pelas caprichosas ondas do mar.
Seus movimentos que oscilantes nada tem a ver com a embriaguez; mas com energia das ondas do mar que balançavam seus barcos e navios quando eram vivos, mas esse desequilíbrio na verdade é efeito das trocas energéticas entre ele e os espíritos durante os trabalhos espirituais. Enquanto balança, dança, gira e gesticula, se forma um forte campo energético que libera vibrações vindas do oceano, como uma forma de saudar o poder do mistério das águas de Janaína.
Durante os trabalhos na gira, é comum vê-los trabalhando em conjunto, formando uma roda, na qual cantam, dançam e balançam-se, enquanto trabalham a proteção e a melhoria das energias da casa e das pessoas que ali se encontram. Foram trabalhadores de navios e barcos, piratas, capitães, marinheiros, ou mesmo pescadores. Bebem, geralmente, rum, fumam cigarros comuns ou cigarrilhas e sua saudação é “Salve a Marujada!!!”
Os marinheiros são personagens bem conhecidos na Umbanda. Sempre alegres, cantam e bebem, se movimentando de lá para cá. São muito brincalhões com as pessoas presentes nos trabalhos, por esse motivo a sua evocação não é muito freqüente e normalmente ocorre no final dos trabalhos.
O plano espiritual superior os evoca para descarga pesada do templo, quando realizam a descarga de um terreiro toda a energia negativa será enviada ao fundo mar com todos os fluidos nocivos que dela provem. Os marinheiros são destruidores de feitiços, cortam ou anulam todo mal e embaraço que possa estar dentro de um templo, ou ainda, próximo aos seus freqüentadores. Nunca andam sozinhos, quando em guerra unem-se em legiões, fazendo valer o princípio de que a união faz a força, o que os torna imbatíveis nesse sentido.
Como filho da rainha do mar, Yemanjá, seu maior objetivo é trazer muito axé a todos na terra. Eles são mensageiros de paz e fazem rituais de purificação com as energias mágicas e misteriosas das águas, além de cerimônias de descarrego, consultas, passes, desenvolvimento de médiuns e outros trabalhos que possam envolver demandas.
Carregam consigo um sentimento profundo de amizade e fraternidade. E durante suas consultas, gostam muito de ajudar àquelas pessoas que se apresentam com problemas amorosos. Seus conselhos são sempre fiéis e certeiros, porque eles têm uma grande responsabilidade e assumem o compromisso de um trabalho bem feito.
Na linha dos Marinheiros tem-se notícias de que alguns fazem curas e operações espirituais. Nunca conhecemos nenhum deles que agissem dessa forma de modo correto e nesse tipo de situação toda precaução é sempre necessária, a fim de se evitar a exploração das pessoas. Aprendemos que a atuação dessa linha sempre foi a descarga pesada de um terreiro e de seus médiuns, fora dessa situação, a precaução se faz necessária.
BOIADEIROS
Na religião umbanda existe uma entidade que recebe o nome de boiadeiro. Esses espíritos são guias que, embora tenham uma aparência agressiva, sempre estão dispostos a ajudar as pessoas que procuram eles. O boiadeiro, na umbanda, é um espírito que, enquanto estava encarnado, conseguiu cumprir todas as suas metas de vida. Por ter conseguido essa proeza, decidiu tornar-se um guia para as pessoas que ainda estão nessa jornada no mundo dos vivos.
Outra característica do boiadeiro é que, como o nome sugere, ele é um caboclo boiadeiro. É um espírito que nutre a harmonia com a natureza e que mostra a importância de atingir o equilíbrio entre a vida humana, a flora e a fauna. São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, em fazendas por todo o Brasil, estas entidades trabalham da mesma forma que os Caboclos nas sessões de Umbanda. É uma entidade disposta a ajudar, a aconselhar, a apaziguar conflitos e a resgatar o caminho do bem para pessoas e para espíritos que possam estar desorientados.
Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força de vontade, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta. Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e rezas fortes para todos os fins.
O Caboclo Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o seu gado. Normalmente, eles fazem duas festas por ano, uma no inicio e outra no meio do ano. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando bravamente com os bois.
É uma linha de trabalhadores extremamente poderosa contra as demandas espirituais, são trabalhadores de grande força e também não andam sozinhos. Quando em guerra unem-se em legiões, o que os torna imbatíveis contra as forças do mal. Em seus pontos cantados, sempre de boa rima, está sempre a figura do boi e do cavalo. Simbolicamente o boi representa a situação sobre a qual não se pode perder o controle. Nas descargas espirituais afastam obsessores os quais são sempre amarrados fluidicamente e em seguida afastados do templo.
O Boiadeiro usa basicamente quatro cores em suas guias: o vermelho dedicado a Ogum, o verde dedicado a Oxossi e o roxo por devoção a Santana. Santana é conhecida como a padroeira dos Boiadeiros e pela santa católica os boiadeiros têm enorme devoção. E utilizam o branco, por devoção a Oxalá considerado por eles como o “Rei dos boiadeiros”.
CIGANOS
Os ciganos atravessaram muitos países e continentes desde seu surgimento no século XIII. Passaram pela Europa, onde firmaram uma forte comunidade, até chegar à América do Sul, mais notadamente no Brasil. Nessas andanças pelo mundo, foram compartilhando suas crenças, cultura e segredos. Trata-se de um povo bastante ligado à espiritualidade e são guardiões de muitos segredos do ocultismo e da magia. A cultura cigana já estava razoavelmente bem estabelecida no Brasil quando os descendentes de escravizados criaram a Umbanda. Essa religião tipicamente brasileira misturou rituais africanos, católicos e espíritas para formar seus próprios dogmas.Assim, não é de causar nenhum espanto que a Umbanda tenha absorvido também algumas características das religiões ciganas. E foi desse jeito que se começou a linha dos ciganos na Umbanda.
Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda, e carregam as falanges ciganas juntamente com as falanges orientais uma importância muito elevada, sendo cultuadas por todo um seguimento espírita e que se explica por suas próprias razões, elegendo a prioridade de trabalho dentro da ordem natural das coisas em suas próprias tendências e especialidades.
Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, confundindo-se muitas vezes pela repetição dos nomes comuns apresentados para melhor reconhecimento, preservando os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo astral seu paradeiro, como ocorre com todas as outras correntes do espaço.
Os ciganos na Umbanda são poeticamente denominados “Filhos do Vento”, pois seu povo possui cultura própria, rica e se encontra disperso por todo o mundo, em ampla liberdade. Profundos conhecedores dos caminhos, vêm recolhendo conhecimentos de todas as culturas e tradições por onde passam, tendo estado, em suas andanças, por diferentes países, enriquecendo a sua cultura. Vê-se assim a enorme gama de ensinamentos que os ciganos colheram ao longo de suas vidas.
Os Ciganos pregam a prática da caridade e do amor ao próximo sobre todas as coisas. Por isso, todos os espíritos que queiram praticar a caridade, independente de suas origens terrenas e de suas encarnações são e serão sempre bem vindos a essa família.
Os ciganos atuam como guias espirituais, de maneira extremamente respeitosa. Os espíritos Ciganos não trabalham a serviço do mau. Trazem uma contribuição inesgotável aos homens e aos seus pares, dentro do critério de merecimento. Sua atuação influencia bastante no campo do bem-estar pessoal e social, da saúde, do equilíbrio físico, mental e espiritual. Os Ciganos também são muito procurados para auxílio no progresso financeiro e nas causas amorosas.
A falange dos Ciganos cresce dia a dia, pois, cada vez mais, antigos ciganos estão percebendo que o planeta necessita de sua sabedoria sobre seu amor pela natureza e sobre manter o equilíbrio entre os elementos água, fogo, terra e ar. Os Ciganos na Umbanda se apresentam na forma de espíritos de homens e mulheres que pertenceram ao povo cigano em alguma vida e também como espíritos que foram atraídos para essa linha por afinidade com a magia cigana. Por isso, os ciganos na Umbanda não têm obrigatoriamente que falar espanhol ou romanês, ler cartas ou fazer adivinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isso porque já o faziam quando encarnados mas não é uma regra.
Algumas características dos ciganos são determinantes em sua manifestação na umbanda, eles possuem um espírito livre e desapegado. Muitas vezes, a linha de cigano é confundida com a linha do oriente e por isso, é importante ressaltar que são linhas diferentes e que cada uma possui uma forma de manifestar-se. Suas falanges representam suas características e por isso, é comum ver em linhas de ciganos: Espíritos que foram atraídos por afinidade com a magia cigana. Possuem alguns elementos em suas vestes e alguns objetos como: baralho cigano, adagas, cristais, pedras, lenços entre outros.São extremamente desapegados e não possuem vínculos.Trabalham com diferentes orixás. Veneram sua santa, a Santa Sara Kali.
Os ciganos na umbanda são figuras que se tornam mais importantes a cada dia, representam uma imagem fundamental e possuem seriedade diante do povo umbandista. São vistos com sabedoria, eles ensinam a partir de sua maneira de observar o mundo a como ver uma beleza na criação e encontrar uma alegria de viver e são agradáveis a todos que trabalham com eles.
Outros orixás que também sustentam os trabalhos do ciganos na umbanda são Ogum e Iansã, que são orixás do ar e do fogo e que se relacionam com o que os ciganos acreditam e trabalham.
Os ciganos não possuem preconceitos com nacionalidades, eles são abertos ao conhecimento mutuo de diversas culturas, são expressamente livres em assuntos sociais o que é muito positivo. Uma denominação poética aos ciganos é que são chamados de “filhos do vento”, por conta de sua mobilidade constante, a partir desse perfil que os ciganos na umbanda são identificados.
POVO DO ORIENTE
A linha do Oriente é uma das mais cercadas de mistérios e misticismos, pouco compreendida e que quase não se apresenta nos trabalhos nos terreiros de atualmente. Durante a década de 1960 e 1970 era uma linha muito popular, e acabava abarcando todas as linhas de antigas religiões ou povos extintos sob a luz da Umbanda.
O Oriente no caso não é no sentido geográfico, mas sim uma associação com grandes conhecimentos místicos, filosóficos e iniciáticos trabalhados geralmente nas civilizações do oriente.
É composta Monges, mestres, rabinos, sábios e pessoas fortemente relacionadas ao que tange a espiritualidade. Espíritos que não se encaixavam nos arquétipos de origem africana, portuguesa e indígena, encontraram na Linha do Oriente uma forma de se manifestar e rememorar as práticas magistas vividas em outras existências.
A Linha do Oriente é muito ampla e tem o objetivo de trazer a cultura do povo oriental para dentro dos terreiros de Umbanda – que se consolida como uma religião multi-cultural – e desta forma trazer o olhar do orientalismo sob nós, homens ocidentais. Vamos encontrar nela monges tibetanos, japoneses, chineses, turcos, muçulmanos, hindus.
Está linha é dividida em sete legiões, sendo essa divisão um tanto heterogênica não é desprovida de méritos, são por aproximações culturais ou geográficas, e também de atuação desses espíritos trabalhadores.
A Legião dos Indianos é chefiada pelo Pai Zartu, ou também conhecido como Zartu Indiano, particularmente na casa onde trabalho esse Espírito Chefe também é chamado nos trabalhos de cura. Os trabalhadores dessa linha são de origem da Índia, sacerdotes antigos, brâmanes, yoguins, etc. Ramatís, um espírito com diversos livros publicados, é associado a essa Legião.
A Legião dos Árabes, Persas, Turcos e Hebreus, é chefiada pelo Pai Jimbarue, e em suas fileiras estão os mouros, guerreiros do deserto chamados tuaregues, sábios árabes, os mulçumanos, rabinos judeus. Uma curiosidade é que esses rabinos sabem os mistérios da Cabala, e a usam nos atendimentos.
A Legião dos Chineses, Tibetanos, Japoneses e Mongóis é chefiada pelo Pai Ory do Oriente, Ori do Oriente em outra grafia, e é composta pelo povo que dá nome à linha, mas também pela falange dos esquimós. Uma falange quase esquecida, que não dá consulta – pelo menos nunca vi nenhum vir a dar consulta – mas que trabalhando no desmanche de demandas e magia negra e descarrego de fim de trabalho. A manifestação desses esquimós é curiosa, pois com quem já conversei, todos foram unânimes ao afirmar sentir um vento gelado subir pelas pernas.
A Legião dos Egípcios é chefiada pelo Pai Inhoarairi, e é composta pelos antigos sacerdotes da antiga religião egípcia. Em suas fileiras encontramos muitos magos que conhecem a magia contida no Livro dos Mortos, entre outros mistérios egípcios.
A Legião dos Maias, Toltecas, Astecas, Incas e Caraíbas, é liderada pelo Pai Itaraici, e é formada pelos espíritos de sacerdotes, chefes, guerreiros e pajés desses povos da América antes da chegada dos Europeus.
A Legião dos Europeus, liderada pelo Imperador Marcus I, é formada por sábios, magos, mestres e velhos guerreiros de origem europeia; romanos, gauleses, ingleses, escandinavos, etc.
A Legião dos Médicos, Curadores, Sábios e Xamãs, também conhecida como a linha da cura é chefiada por Pai José de Arimatéia, que em minha casa também é chamado juntamente de Zartu Indiano, Bezerra de Menezes e o Grande Pajé em uma linha de cura. Suas fileiras contam com espíritos especializados no poder curador, conhecedores das ervas, curandeiros, médicos, raizeiros, xamãs de diversas origens, portadores do dom do corte e da cura.
Alguns espíritos que fazem parte da Linha do Oriente são muito conhecidos tais como o Caboclo Sultão das Matas, o Orixá Mallet, o Caboclo Peri, O Pai Jacó do Oriente. A Linha dos ciganos antigamente costumava se manifestar nos trabalhos dessa Linha.