

TEUPAJOC

A Hierarquia Dentro do Terreiro
Toda religião tem uma estrutura hierárquica bem definida, assim podendo melhor estruturar a organização, tanto social, quanto religiosa dentro do templo religioso. Algumas religiões seguem a teocracia, como o Catolicismo. O Papa é o sumo-pontífice, representante maior da Igreja, assim abaixo dele contam-se cardeais, bispos, padres e diáconos. Lembra muito uma estrutura parlamentarista, com votação indireta onde o colegiado de cardeais, escolhem o próximo Sumo-Pontífice. Inclusive o futuro escolhido, participa da votação. Esse quando está na liderança da Igreja Romana, pode indicar novos cardeais. O Papa permanece no poder até renunciar ou morrer.
A estrutura da doutrina espírita já é um pouco diferente, parece mais com uma república democrática. Os participantes e trabalhadores acabam votando em uma nova diretoria que deve ser renovada a cada período. Tem uma estrutura burocrática composta de Presidente, Vice-Presidente, Tesoureiros, Secretários e Diretores. Por um período de 2, 3 ou 4 anos, a comissão que foi votada irá determinar os andamentos tanto da Casa Espírita quando dos trabalhos sociais.
Já no terreiro a estrutura é mais próxima a uma monarquia, onde se tem a figura do Pai ou Mãe de Santo, que acaba sendo sempre o líder até o seu desencarne. Seus sucessores são escolhidos dentro do que a espiritualidade determina e a eles é dado o nome de pais ou mãe pequenos. Em algumas denominações é possível usar outros nomes, tais como: Capitães, Zeladores, Adjuntos, Braço-Direito, etc…
Babalorixá ou Ialorixá - É o dirigente do terreiro (Babalorixá se for homem e Ialorixá se for mulher). Esta figura é a responsável espiritual por tudo que acontecer dentro da gira (antes, durante e depois). Tanto o Babalorixá quanto a Ialorixá são também chamados de Pai do Santo e Mãe de Santo. Algumas pessoas falam pai de santo e mãe de santo, consideramos essa maneira incorreta, pois é na Lei do Santo que eles são Pai e Mãe.
Eles têm a função de cuidar e zelar da vida espiritual dos médiuns do terreiro, orientar e dirigir os trabalhos abertos e fechados a público. São os responsáveis por fazer cumprir as diretrizes estabelecidas pelo Astral, para o Terreiro.
Pai Pequeno e Mãe Pequena - São os futuros Babalorixá e Ialorixá. São a segunda pessoa dentro de um Terreiro de Umbanda. Têm como função auxiliar o Babalorixá e a Ialorixá em todos os trabalhos. Outras funções específicas variam de terreiro para terreiro.
Curimbeiro, Tabaqueiro ou Ogã - É a pessoa que bate (toca) o tambor. Na realidade na Umbanda, a concepção de Ogã é totalmente diferente do Candomblé e do Omolocô, onde a pessoa é preparada especificamente para esse fim.
A função do tambor é a de ajudar na invocação das Entidades, deve ter toques harmoniosos e diferenciados para cada Linha.
Médiuns de Trabalho - São os médiuns que dão consulta, as suas entidades já riscaram ponto, deram nome, e passou por alguns preceitos (isto também varia de terreiro para terreiro) que os firmaram como médiuns. Alguns chamam de Médiuns prontos, outros de Médiuns batizados outros de Médiuns feitos. Essa nomenclatura também varia de acordo com a orientação do Babalorixá ou Ialorixá, da raiz da Casa ou ainda de estado para estado.
Médiuns em Desenvolvimento - São médiuns que como o nome já diz, estão em desenvolvimento. Dependendo do terreiro eles podem dar passes, já incorporam uma ou outra linha, mas ainda não dão consultas e as suas entidades ainda não deram nome ou não riscaram ponto. Estão sendo preparados para tornarem-se médiuns de trabalho.
Médiuns Iniciantes - Também como o nome diz, são médiuns que ingressaram a pouco tempo no terreiro e ainda não incorporam.
Cambono (homem) e Samba (mulher). São os responsáveis por atender as entidades, no que diz respeito a acender charutos, velas, cachimbos, esclarecer a assistência o que a entidade está querendo dizer, coordenar a entrada da assistência para consulta ou passe.
Deixemos bem claro que todas as funções são importantes dentro da organização de um Terreiro e nenhuma é melhor ou pior que a outra, o respeito e a disciplina deve sempre ser elementos básicos da convivência entre todos, deve-se tomar muito cuidado com a vaidade e a inveja, sentimentos que devem ser sempre repudiados por todo e qualquer umbandista.
A gira mediúnica é o auge de uma reunião umbandista que é dividida em três momentos básicos a saber:
-abertura, momento que se evocam as forças e entidades espirituais e se invocam as bênçãos, proteções, pedidos e auxílios;
– a gira mediúnica, instante em que os médiuns incorporam as entidades espirituais para atendimento ao público;
-encerramento, ou seja, o término da reunião, em que se agradece a assistência das forças e entidades espirituais.
Os ritos e liturgias utilizadas nas reuniões do movimento umbandista, variam de terreiro para terreiro, assim, como também, pode se diferenciar a decisão de como se processa a gira mediúnica, que tipos de entidades se fará presente e como deverá se proceder o atendimento ao público.
Isso acontece, por que os terreiros são células religiosas que se adequam a coletividade que os rodeia, oferecendo dentro de um determinado padrão mínimo, os ritos, as liturgias, as manifestações espirituais que mais afinizem com os adeptos e o público que freqüenta determinada casa.