

TEUPAJOC

O ATABAQUE
O ATABAQUE É UM INSTRUMENTO DO CANDOMBLÉ?
O uso de tambores dentro do contexto religioso não é uma exclusividade dos nossos irmãos Candomblécistas, pelo contrário, temos registros históricos que apontam o uso de tambores dentro do contexto religioso desde as mais remotas eras da humanidade, até na bíblia, Salmo 149 (verso 3) há o incentivo para louvar ao Senhor com harpa e adufe (instrumento membranofone assim como o atabaque). A etimologia (origem) da palavra atabaque ao contrário do que muitos pensam, não é de origem africana, é de origem árabe, e se originou a partir do termo al-tabaq, que significa “prato”.
A questão é que mesmo a Umbanda tendo sido anunciada por um espirito que carregava um arquétipo indígena, pouquíssimo se fala sobre as influências indígenas na religião, pelo contrário, se fala muito mais das influências afro dentro dos terreiros, e é essa postura que fez e faz com que os terreiros hoje em dia sejam muito mais africanizados, e o tambor que embora também seja uns instrumento indígena seja considerado e enxergado apenas como um instrumento do Candomblé.
Sendo assim, como dito a cima, onde afirmamos que o uso deste instrumento não é posse e nem uma exclusividade de nossos irmãos candomblecistas, logo, a Umbanda não apenas faz uso deste instrumento como também se reserva a ter seus ritos, práticas e ritualísticas próprios em relação aos atabaques.
O PRIMEIRO ATABAQUE DE UMBANDA
O umbandista gosta muito de se valer da afirmação:
“Na Umbanda Raiz (Umbanda anunciada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas) não tinha atabaque!”
Até ai, essa não é uma afirmação errada, pois realmente, na Umbanda anunciada em 1908 de fato não se fazia uso deste instrumento, mas infelizmente essa afirmação nunca vem sozinha, sempre costuma vir acompanhada de alguma colocação ignorante em seguida, ou colocação que tem por objetivo menosprezar a Umbanda que é tocada com uso dos atabaques, como se os terreiros de Umbanda que fazem uso do atabaque fossem menos “puros” do que os que não usam este instrumento.
O atabaque embora muitas pessoas não saibam foi introduzido na Umbanda com ciência e autorização do próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Cerca de 10 anos após a fundação da primeira Tenda de Umbanda, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade (Em funcionamento até hoje), o Caboclo das 7 Encruzilhadas começou a realizar a abertura de mais sete Tendas Umbandistas que embora tivessem a frente outros caboclos, seriam ligadas a Casa Mãe (Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade) e funcionariam sob seu comando, como uma espécies de extensão da mesma, sendo assim seguiriam o mesmo modelo de ritos litúrgicos, doutrinas e práticas.
A Tenda Espirita São Jorge, fundada em 15 de fevereiro de 1935 por João Severino Ramos e o Caboclo Timbiri, foi uma dessas sete primeiras Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas sendo ela a primeira autorizada por ele a utilizar em seus ritos O ATABAQUE bem como também a primeira autorizada por ele a realizar Giras de Exú (mas isso é assunto para uma outra postagem).
O primeiro atabaque de Umbanda foi pintado de vermelho com uma cruz de Jerusalém em preto, símbolo este que antigamente era na Umbanda um símbolo chamado de vencedor de demanda (foto colocada na postagem).
COMO SE PREPARA UM ATABAQUE PARA SER USADO DENTRO DO TERREIRO?
Para inserir este instrumento dentro do terreiro, o mesmo deve ser preparado, lembrando que assim como uma imagem que sem consagração não passa de um pedaço de gesso, um atabaque sem consagração não passará de um instrumento de percussão. A forma em si como essas consagrações são feitas, não existe uma regra, fica a critério e a cargo do guia chefe de cada casa fazer ou determinar como o preparo dos atabaques será feito, o importante é compreender que precisa ser feito.
O atabaque dentro do terreiro deve ser compreendido como um ponto de firmeza, é mais, muito mais do que um instrumento de percussão!
OS TOQUES:
Muitos dos toques usado na Umbanda (Ijexá, Congo, Barra Vento e etc), são de uso em comum com nossos irmãos candomblecistas, mais isso não é uma regra, pois haverá terreiros que usarão toques mais arcaicos, apenas batidas de entonação vibratória elemental, são terreiros que trazem à tona para a Umbanda as práticas da pajelança, trazem em si uma herança indígena muito maior do que uma interferências afro.
Lembrando que, além dos toques que usaremos em comum com nossos irmãos candomblecistas, na Umbanda teremos um toque próprio, chamado marcação.
Uma outra particularidade do uso deste instrumento dentro da Umbanda (salvo as vertentes com nítida influência do Candomblé), é que o Atabaque é tocado com as mãos, e não fazendo uso do aguidavi (tipo de baqueta) como se faz no Candomblé.