top of page

 

NÃO CRITIQUE A INCORPORAÇÃO ALHEIA.

 

 

A mediunidade é diferente para cada pessoa. Cada um sente, vibra e expressa o axé de seus guias de uma maneira única, individual, própria para cada um. Por este motivo, não é correto você criticar o seu irmão pela forma como ele recebe as suas entidades.

 

Há algo estranho em um terreiro quando todos os guias se apresentam da mesma forma. Se todos os caboclos mancam do mesmo jeito, ou se todos os Exus obrigatoriamente gargalham da mesma maneira, ou se todos os pretos velhos caminham igualmente, alguma coisa não está certa. Até mesmo nos movimentos do passe encontramos largas diferenças.

 

É saudável que cada médium e cada entidade tenham o seu próprio jeito de trabalhar, desde que esteja dentro do fundamento e dos parâmetros do que é correto. Dentro de uma mesma árvore, nenhuma folha é igual a outra. Existem vários tipos de consciência, com as suas necessidades específicas. O que ajuda uma pessoa, muitas vezes não é tão efetivo com outra. É por isso que os consulentes podem sentir afinidade com algumas entidades, mas não com outras.

 

Claro que há os exageros. Mas dentro do fundamento e do bom senso, cabe a cada um manifestar aquilo que lhe é natural. É papel do Pai de Santo, e somente e exclusivamente dele, avaliar se alguém está incorporando corretamente ou não.

 

Mas se você realmente acredita que há algum médium mistificando, ou de alguma maneira não agindo corretamente, não espalhe isso aos quatro ventos! Comunique ao seu Pai de Santo suas suspeitas e a ninguém mais. Ele saberá como proceder. E se for necessário, o dirigente conversará no particular com o médium.

 

Quando você critica a incorporação de um médium, você interfere em seu processo de desenvolvimento. O médium iniciante apresenta, atualmente, uma enorme insegurança. É difícil para ele tomar a coragem de receber seus guias na frente dos outros, visto que teme ser julgado pelos irmãos de corrente. E quando o julgamento realmente acontece, quando descobre que foi alvo de comentários maliciosos, ele trava. Suas dificuldades aumentam em grande proporção. E não são poucos os que desistem por este motivo.

 

Lembre-se que você será julgado por todos os seus atos. A justiça de Xangô não falha.

 

Nenhum guia é melhor que o outro. A espiritualidade trabalha em conjunto. Não existe isso de entidade mais “forte". Não existe a forma certa de se incorporar. A espiritualidade é livre. O importante é cumprir sua missão, que é a prática da caridade. Mais importante do que a forma de trabalhar do guia, é o merecimento de cada um. É ele que determinará se você alcançará suas graças ou não.

 

A fofoca é um perigo dentro do terreiro e deve ser combatida. Ela é um hábito que, infelizmente, está profundamente arraigado na cultura de nossa sociedade. São muitos os grupos que giram em torno, basicamente, da maledicência. E é muito nefasta quando realizada nas casas de Umbanda. Antes de tudo, ele revela o baixo caráter de quem a pratica. E, em segundo lugar, a fofoca enfraquece a corrente. Quando a fraternidade entre os irmãos de corrente está ameaçada, abre-se brechas para atuação do astral negativo.

 

A espiritualidade é livre. Entenda que se você aprendeu as coisas de um jeito, não significa que todo mundo deve fazer igual. Nem todo caboclo precisa bater no peito, nem todo preto velho precisa encurvar, nem toda criança precisa pedir doce. Isto não é a essência da Umbanda. São apenas alguns trejeitos comuns, que ajudam a caracterizar algumas linhas de trabalho. Mas a nossa religião vai muito além disso. Não adianta querer padronizar. Do outro lado dessa longa caminhada de desenvolvimento espiritual, está Deus a nos esperar. E a Umbanda é o veículo que acelera nosso encontro com Ele.

NÃO IMITE A INCORPORAÇÃO DOS OUTROS

Cada médium é único, assim como cada guia trabalha de uma forma particular. Embora todos possuem o mesmo objetivo, que é a prática da caridade, as entidades usam-se de métodos e abordagens diferentes para alcançar o bem estar do consulente. E isto é um fato muito positivo, uma vez que as pessoas também não são iguais umas às outras. O que é bom para mim não necessariamente é bom para o próximo.

 

Parte do desenvolvimento mediúnico é este processo pessoal de autodescoberta, aprender como é a naturalidade de suas próprias manifestações mediúnicas. É muito importante, neste período, não se preocupar com os trejeitos exteriores. Se a entidade que trabalha com você irá girar ou não, bater no peito ou não, gritar ou não, entre outras características, você descobrirá gradualmente, no tempo correto.

 

Se você forçar a sua incorporação para que ela fique semelhante à de outro médium, você perderá aquilo que é único de sua mediunidade. Você nega aquilo que lhe é natural e impede que os guias trabalhem como desejam. Como falamos no texto anterior dessa série, apenas deixei fluir a energia que sentir.

 

Um dos hábitos mais nefastos que um médium iniciante pode adquirir é comparar-se com seus irmãos de corrente. Por mais que você possa admirar as entidades de um médium, entenda que sua mediunidade não é igual a ele. Cada pessoa possui a sua próprio processo, e nenhuma forma de trabalhar é melhor do que outra. Perante o Pai, somos todos pequeninos.

 

É como na natureza. A diversidade de plantas e animais é necessária para a manutenção do meio ambiente. Tire uma espécie, e o desequilíbrio é estabelecido. Da mesma forma é no terreiro. Se ali somente trabalha-se com as forças de Ogum, como ficarão os consulentes que precisam das vibrações de Oxóssi? Se houve apenas guias sérios e de poucas palavras, onde encontrarão respostas aqueles que buscam explicações mais aprofundadas? Veja, tudo tem a sua necessidade e tempo correto.

 

Por esta razão, não tente ser como o outros. Os guias que se manifestam através de sua mediunidade são poderosos. Tenha certeza, quando for o momento de você participar do atendimento, a própria espiritualidade encaminhará aqueles que precisam destes guias para receberem suas graças.

 

As incorporações não são padronizadas. Mesmo quando os guias apresentam os mesmos nomes, cada um vem do seu jeito. Não existe isso de que se for Caboclo tal então precisa rodar, mas se for Exu tal somente se manifesta encurvado e com as mãos para trás. Cada um é cada um.

 

Médiuns iniciantes, saibam confiar no que sentem. Este é um dos alicerces fundamentais do bom desenvolvimento mediúnico. Pode acontecer alguns excessos no caminho, mas para isto estarão os dirigentes do seu terreiro para lhe orientar.

 

O objetivo principal, devemos sempre reforçar, é o exercício da caridade. Esta é a essência da Umbanda. E para que isso ocorra, cabe aos médiuns assumirem suas próprias características, permitir que os guias trabalhem como desejam. Isto é, fazer aquilo que é natural.

bottom of page